Conheça um pouco do meu livro: Uma viagem na dança interna da vida
Prefácio
Afinal, de que nos serve a arte?
É que as diversas expressões artísticas ultrapassam em muito o aspecto
puramente estético. Somos semelhantes aos demais seres da natureza em muitas
características, mas o que mais nos diferencia é a nossa inteligência, nossas
faculdades únicas de pensarmos, sentirmos, de questionarmos nossa existência,
de sabermos de nossa finitude. Outra das diferenças fundamentais é a nossa
capacidade de simbolizar. Criamos os símbolos que norteiam toda nossa vida
diária, ainda que frequentemente sejamos total e completamente inconscientes
destas complexas operações mentais.
A arte atende a uma necessidade tipicamente humana de externar emoções,
mostrar sentimentos, compartilhar experiências com semelhantes. Ainda que
organizados em ambientes de cultura muito diferentes entre si, algumas
vivências são universais, experimentadas por todas as pessoas em todos os
tempos da história.
É fundamental à saúde psíquica que haja uma conexão constante com aquilo
que se sente. Adedicação extremada à vida cotidiana e suas exigências
operacionais pode promover o distanciamento do homem de seu próprio mundo
interno. O resultado é o desequilíbrio entre os afetos, que produz no médio e
longo prazo, angústia e ansiedade decorrentes de e sente pode se ver em algum
momento tomado por sua própria força, que no entanto parecerá estranha . A
energia provinda dos sentimentos reclama seu espaço de vivência e expressão,
atuando de forma a produzir a desmotivação e apatia ou os estados de mania e
agressividade. O fazer artístico é portanto, mais que um passatempo, que um
hábito despretensioso, uma via criativa de elaboração de nossos sentimentos
mais intensos. Carl Gustav Jung, um dos maiores estudiosos da psique humana,
falou das experiências comuns a todos nós e que diferem apenas pelas
circunstâncias do ambiente no qual estamos inseridos. Deu a esta função o nome
de arquétipo São muitos os arquétipos e quero destacar apenas um: o arquétipo
do herói, que trata da experiência da superação, pela qual todos somos
desafiados algumas vezes ao longo de nossas vidas. Convivemos co perdas
frustrações, decepções, sofrimento. Somos naturalmente orientados a retomar
nosso caminho natural de desenvolvimento contínuo, devendo para isso superar
nossas dores e dúvidas quanto à nossa possibilidade de êxito. O mito do herói
nos mobilizar nossa força interior para vencer os obstáculos e ampliar nosso
repertório de alternativas e atitudes diantes dos próximos entraves.
O livro de Arthur Martins Filho é a expressão materializada desta
faculdade de elaboração.
Surgiu como produto de um
processo doloroso de enfrentamento de limitações e de perdas. A orientação
interna para o sucesso ( a tendência atualizante descrita por Jung) fez com que
em meio ao caos, o potencial literário profundamente conectado com a
personalidade mais profunda de seu ser despertasse. A partir desta percepção e
do investimento resoluto no aprimoramento das naturais habilidades, os
horizontes foram ampliados e eis aqui a conclusão de um ciclo ou início de um
novo.
Os textos de Arthur são singelos, muito leves como também é o autor em
sua personalidade e em seu ofício de artista do movimento. As mensagens são
originárias da reflexão sobre o rumo dos fatos de sua história de vida, que
enriqueceram a compreensão do sentido da existência.
Há também textos exaltando a sabedoria que rege, de forma silenciosa, os
caminhos que vamos trilhando e que só depois dos fatos nos mostram o curso
vitorioso de caminhos e circunstâncias vistos num primeiro momento com
descrença e pessimismo. O autor apresenta as analogias que faz entre os
movimentos da dança e o movimento harmonioso da vida. Faz um convite a nossa
possibilidade de encontro conosco mesmos. Fala da intensa celebração e
exaltação da vida que podemos fazer quando despertamos para perceber que todo o
nosso sucesso e fracasso decorrem de nossas atitudes.
O grande exemplo e o grande recado destá obra é que nossas conquistas e
a superação de limites dependem de nosso
esforço ativo e criativo, de nosso alinhamento com a dinâmica da vida que nos
conduz ( quando estamos orientados pelo bem) à gratificante experiência da
realização pessoal.
Gilberto José de Oliveira
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